Embu das Artes volta ao alvo: saúde sofre intervenção federal pela segunda vez

Pela manhã desta terça-feira (25), a Polícia Federal deflagrou operação que investiga novo esquema de desvio de verbas da saúde; município já havia sido alvo da Operação Contágio durante a pandemia

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Na manhã desta terça-feira (25), Embu das Artes voltou ao centro de uma operação federal que investiga um esquema milionário de desvio de recursos da saúde pública. Agentes da Polícia Federal cumpriram mandados em endereços ligados à gestão hospitalar do município. A ação integra apuração que aponta contratos fictícios, empresas de fachada e movimentação de recursos incompatível com a finalidade pública — e coloca novamente a cidade sob o impacto da investigação criminal e administrativa.

Agentes da Polícia Federal e da CGU durante a operação — abordagem em várias cidades. Foto :Divulgação

A investigação recente, iniciada em 2024, aponta que, entre 2022 e agosto de 2025, mais de R$ 340 milhões foram repassados às unidades envolvidas — entre elas, o hospital municipal de Embu das Artes — recursos que, segundo apurações, teriam sido desviados por meio de notas fiscais frias, contratos simulados e pulverização de pagamentos em contas sem relação com a prestação de serviços de saúde.

O fantasma que voltou

Para quem mora em Embu das Artes, a cena não soa estranha. Há menos de quatro anos, no auge da pandemia, a cidade foi alvo da Operação Contágio, investigação que revelou irregularidades em contratos firmados com a Associação Metropolitana de Gestão (AMG). O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo concluiu que a AMG recebeu mais de R$ 53 milhões e não prestou contas de forma adequada — determinando, entre outras medidas, a restituição de R$ 28,2 milhões aos cofres municipais e a aplicação de multas aos responsáveis 1.

O retorno das ruas tomadas por agentes e dos mandados cumpridos traz o mesmo desconforto: a dúvida sobre como um sistema que já havia sido golpeado voltou a se abrir para irregularidades tão graves.

Bens e objetos apreendidos em diligências realizadas pela Polícia Federal — indícios de ostentação compatíveis com desvios investigados. Foto /Divulgação

Como o esquema operava, segundo a investigação

  • Contratos de gestão e de prestação com empresas sem estrutura operacional, usados para justificar repasses;
  • Emissão de notas fiscais inidôneas e contratos simulados para formalizar pagamentos;
  • Pulverização de valores em diversas contas, dificultando o rastreamento;
  • Funcionários “no papel” e serviços nunca realizados;
  • Reaparecimento de patrimônios de luxo — imóveis, veículos e outros bens — que agora estão sob bloqueio judicial.

Como consequência direta da operação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão, houve prisões preventivas em algumas frentes da investigação e bloqueios judiciais de recursos e bens. Em Embu das Artes, os mandados visaram endereços ligados à gestão hospitalar, refletindo o foco da apuração local.

O custo humano

Os números aparecem nas planilhas. O preço, nos rostos. Famílias que dependem do atendimento municipal têm enfrentado filas, faltas de medicamentos e dificuldades para agendar exames e consultas. O impacto é imediato: enquanto recursos são disputados em processos e perícias, pacientes aguardam por serviços que deveriam ser contínuos.

Na maternidade, no pronto-socorro, na UPA, a ausência de insumos e a incerteza sobre a continuidade de contratos comprometem a confiança de quem mais precisa.

O que mudou desde a Operação Contágio?

A Operação Contágio, cuja decisão do TCE-SP está disponível em anexo, já havia apontado falhas administrativas graves e concluído pela irregularidade da prestação de contas da AMG na gestão de 2021. Apesar das medidas de controle e das recomendações, a nova investigação revela que a resposta institucional foi insuficiente para impedir um padrão de desvios que, agora, volta a emergir com novos métodos e atores. Consulte o acórdão do TCE-SP (Operação Contágio) aqui:

O caminho adiante

A intervenção federal imposta em Embu das Artes abre um capítulo de reconstrução e de respostas que devem ser públicas. Auditorias minuciosas, revisão de contratos, responsabilização administrativa e criminal quando cabível, e, sobretudo, um plano robusto para garantir a continuidade do atendimento são medidas que a população exige.

Enquanto órgãos de controle — Polícia Federal, Ministério Público e Tribunais de Contas — aprofundam as apurações, restam perguntas que a cidade precisa ver respondidas com transparência: quem permitiu que isso se repetisse? Quem lucrou? E como reparar, rapidamente, o prejuízo à saúde dos habitantes?

Viaturas e agentes da Polícia Federal mobilizados em operação que alcançou unidades de saúde em diferentes estados. Foto /Divulgação

“Quando a saúde de um povo é saqueada, não se desviam apenas recursos — desviam-se esperanças.”

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Uma resposta

  1. Avante justiça seja feita moro na caminho do índio número 40 não temos água encanada não temos esgoto as ruas são de terra destruída não temos condições andamos 1 hora apé e uma vergonha uma escarses já fizemos várias reuniões reclamações eles não fazem nada a respeito tenho nojo de morada e nacida em Embu das artes gostaria de ter uma visita aqui para mostrar a vergonha que e aqui

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