“Você é caloteiro, Hugo”: Ex-secretária de Embu das Artes faz discurso explosivo e denuncia apagamento de políticas para mulheres
Fernanda do Rosário acusa prefeito Hugo Prado de abandono institucional, atrasos salariais, retrocessos sociais e responde ataques pessoais feitos por secretário municipal. Sessão foi marcada por tensão e retirada de vereadoras
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por
Gabriel Binho
A ex-secretária de Políticas Públicas para as Mulheres de Embu das Artes, Fernanda do Rosário, protagonizou um discurso explosivo durante o uso da tribuna popular da Câmara de Vereadores nesta segunda-feira (7). Em uma fala dura, ela fez uma série de acusações contra o atual prefeito Hugo Prado, chamando-o de “caloteiro, sem palavra e picareta”, denunciou supostos retrocessos na política para mulheres, apagamento cultural, negligência com servidores públicos e abandono de mães atípicas e mulheres empreendedoras.
A sessão foi marcada por tensão. Três vereadoras — Aline Santos, Vanessa da saúde e Sandra Manente— deixaram o plenário no momento do discurso. A reportagem procurou Fernanda, que comentou:
“Não esperava outra coisa. Elas sabem a verdade. Então, para não se posicionarem contra uma mulher, preferiram sair e se calarem.”
A vereadora Aline Santos se manifestou à reportagem e disse:
“Olá, eu me retirei porque estou com problemas pessoais e estava resolvendo!”
“Hugo Prado tem recorde de menor número de mulheres no governo”
No início de sua fala, Fernanda lamentou não ter usado a tribuna em março — mês dedicado à luta das mulheres — e rapidamente voltou seu discurso ao cenário local:
“O ex-prefeito Ney Santos foi quem mais teve mulheres como secretárias. Já Hugo Prado tem apenas duas — a própria irmã e a secretária Wanda. É um retrocesso completo.”
Ela também denunciou que servidores demitidos estariam há mais de 100 dias sem receber verbas rescisórias:
“São 110 dias de governo sem pagamento. Verba rescisória não é surpresa. É direito garantido. Isso faz de Hugo um caloteiro.”
Apagamento cultural: “Tacaram tinta na história de Raquel Trindade”
Fernanda acusou a secretária Thaís Prado, de ordenar o apagamento de um painel artístico criado na gestão anterior com imagens de Raquel Trindade, Frida Kahlo e Elza Soares:
“Esse painel foi feito com artistas de rua, como Marcelo Molão. Apagar aquilo não é me apagar. É cuspir na memória da Raquel Trindade, na cultura do Embu.”
Para ela, o ato é mais do que político:
“Apagar um mural feito por e para mulheres é simbólico. É violência institucional.”
Cestas com larvas, mães sem apoio e transporte precário
A ex-secretária relatou uma série de falhas na administração municipal que afetam diretamente a população feminina:
Cestas básicas com alimentos vencidos e larvas.
Abandono de 400 mulheres empreendedoras de brechós.
Orçamento da Secretaria da Mulher zerado.
Falta de acompanhantes terapêuticos para mães de crianças atípicas.
Transporte público ineficiente que expõe mulheres a riscos.
“Quando um homem está sofrendo, é porque uma mulher já apanhou muito antes. Essa cidade está esquecendo quem sustenta a base.”
Resposta ao secretário Jones Donizette: “Não uso filhos para desviar atenção”
O secretário municipal Jones Donizette publicou em suas redes sociais:
“Ela atacou o prefeito usando a própria filha recém-nascida, a bebezinha. […] Isso é desumano, isso é baixo e, Fernanda, isso é nojento.”
“Você perdeu o cargo, ficou desempregada. Mas agora você está perdendo respeito.”
Fernanda rebateu diretamente:
“Não uso meus filhos para desviar foco. Não os exponho em redes sociais. Quem faz isso é o prefeito. E se a filha dele nasceu no Einstein, enquanto a maternidade pública não tinha esparadrapo, isso precisa ser dito.”
“Quando um homem quer deslegitimar uma mulher, ele a chama de louca. Eu sou psicóloga, eu sei bem o que isso significa.”
“Eu não quero cargo. Eu quero justiça.”
Fernanda encerrou dizendo que não busca cargo público, e sim justiça:
“Quando o Hugo entrou na política, eu já tinha meu patrimônio. Não dependo de governo. Mas não vou aceitar retrocessos.”
“Serei, Hugo Prado, três anos e seis meses pedra no seu sapato.”
O que dizem os citados
A vereadora Aline Santos afirmou que deixou o plenário por “motivos pessoais”. As vereadoras Vanessa da saúde e Sandra Manente, assim como a Prefeitura de Embu das Artes, o prefeito Hugo Prado e a secretária Thaís Prado e Jones Donizette, não responderam aos pedidos de posicionamento até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
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Uma resposta
Nunca vi a perda de uma “boquinha” abalar tanto uma pessoa.
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Nunca vi a perda de uma “boquinha” abalar tanto uma pessoa.
Ela está desequilibrada desde o acidente etílico