A Câmara Municipal de Embu das Artes aprovou um requerimento que promete dar o que falar: os guardas municipais (GCMs) que atualmente fazem a segurança dos secretários municipais devem voltar às ruas para reforçar o policiamento da cidade. A proposta, apresentada pelo vereador Bobilel Castilho, foi aprovada com ampla maioria, mas com um detalhe curioso: apenas um vereador votou contra.
E quem ficou sozinho segurando essa bandeira? Gustavo do Rancho, ex-secretário de Segurança do município. Seu voto isolado fez com que ele se tornasse o protagonista da tarde, mesmo sem querer.
“Se quiser segurança, que pague do próprio bolso!”
A discussão começou com Bobilel Castilho, que defendeu que os guardas deveriam estar protegendo o povo e não servindo de “segurança VIP” para os secretários.

“A GCM tem que fazer segurança para o povo, não para beneficiar a segurança de secretários. Se o secretário quiser segurança, que pague com o próprio dinheiro, porque ele ganha muito bem. O privilégio tem que ser do povo da nossa cidade”, discursou Bobilel, já arrancando alguns acenos positivos dos colegas.
A votação seguiu tranquila, com nove votos a favor, um contra e sete abstenções. Mas aí veio o momento de Gustavo do Rancho apertar o botão do “NÃO” e a coisa começou a esquentar.
“Não é nada contra você!” – disse o presidente, tentando salvar Gustavo
Depois da votação, veio a cereja do bolo. O presidente da Câmara, Abel Arantes, resolveu dar uma opinião sobre a situação da GCM e soltou um comentário que parecia (ou não) uma indireta para o ex-secretário de Segurança.
“Igor, gostaria que você olhasse de forma cirúrgica para a pasta da Segurança, pois no passado ela foi muito prejudicada. Precisamos cuidar da GCM, porque tudo que vem para cá acaba beneficiando apenas dois ou três, e temos que acabar com isso.”

O que aconteceu? Risadas no plenário. Muita gente entendeu o recado como uma crítica sutil (ou nem tanto) à gestão passada – justamente quando Gustavo do Rancho era o secretário da pasta.
Percebendo que o clima não estava dos melhores para o vereador, Abel tentou consertar a situação.
“Não é nada contra você!”, disse, tentando aliviar. Mas já era tarde demais.
O desconforto de Gustavo ficou escancarado e, mesmo sem querer, ele se tornou o centro da sessão, agora como o defensor solitário da segurança dos secretários.

“Chocalho no pescoço” e o show de ironias na Câmara
Se Gustavo já estava sem saída, o vereador Léo Novaes resolveu jogar mais lenha na fogueira – com uma boa dose de ironia.
“Se quiser segurança particular, que contrate aquelas motinhas do apito para subir e descer atrás dele ou então pendure um chocalho no pescoço”, disparou Novaes, arrancando gargalhadas do plenário.

Com o clima já leve para alguns (e nem tanto para outros), a sessão seguiu para os desdobramentos práticos da decisão.
E agora? Secretários sem escolta e GCMs de volta às ruas
Agora que o requerimento foi aprovado, a grande questão é: quando a mudança será aplicada?
O secretário de Segurança, Igor Simões, que foi bastante elogiado durante a sessão, ainda não se manifestou oficialmente sobre a decisão e sobre como será a realocação dos guardas.

Já o prefeito Hugo Prado terá que decidir se acata a medida ou se busca alguma alternativa para mantê-la do jeito que está.
Enquanto isso, os vereadores seguem com suas opiniões divergentes – e Gustavo do Rancho segue tentando sair da mira das alfinetadas.