“Show de desumanidade”: vídeo mostra ex-prefeito Ney Santos arremessando galinha durante festa “Meu Mundo Forró e Cavalgada” em Embu das Artes

Imagens mostram o ex-prefeito arremessando uma ave do palco enquanto autoridades e convidados assistem. O caso provoca revolta e reacende o debate sobre crueldade animal e responsabilidade pública.

Ney Santos segura a galinha pelas patas e a arremessa ao público.

Imagens dos presentes na festa

  • Ex-prefeito Ney Santos
  • Prefeito de Embu das Artes Hugo Prado
  • Deputada Federal Ely Santos
  • Engenheiro Daniel (prefeito de Taboão da Serra)
  • Prefeito de Sorocaba Rodrigo Manga
  • Secretários e vereadores da região

A cena que abalou Embu das Artes

Em meio a luzes, música alta e risos, a festa de aniversário do ex-prefeito Ney Santos, batizada de “Meu Mundo Forró e Cavalgada”, tornou-se palco de uma cena que chocou a cidade de Embu das Artes (SP) e ganhou repercussão nacional.

O vídeo, gravado em 21 de setembro de 2025, mostra Ney Santos segurando uma galinha pelas patas e a arremessando do alto do palco em direção ao público. A ave, visivelmente apavorada, se debate antes de desaparecer entre a multidão.

A comemoração, que reunia políticos e autoridades da região, rapidamente se transformou em alvo de indignação e repúdio nas redes sociais.

Entre o riso e a crueldade: quando a diversão cruza a linha da barbárie

O episódio não foi um acidente isolado, mas parte de um contexto de celebração que, segundo relatos, incluía dinâmicas com animais em meio à festa temática de cavalgada. Testemunhas relatam que, após o arremesso, convidados continuaram aplaudindo e dançando, sem aparente reação de desconforto.

Para ativistas, o momento simboliza a banalização da violência contra seres vivos — e revela uma ausência de empatia alarmante por parte de quem deveria dar exemplo.

Indignação nas redes: “Isso não é comemoração, é um show de desumanidade”

“Vimos esse vídeo terrível em um dos grupos, e não somos capazes de ignorar tamanha covardia! O tema do aniversário era ‘Cavalgada’, uma verdadeira sessão de crueldades. Nessa festa realizada em 21/09/25, no centro de Embu das Artes – SP, em meio a risos e som alto, uma galinha apavorada foi exposta ao terror e à humilhação, para ‘entreter’, tratada como um ser inútil e descartável… Isso não é comemoração, é um show de desumanidade!

Enquanto ela, em pânico, botava um ovo numa caixa, o que vimos foi a total ausência de sensibilidade! Ninguém pareceu se importar com sua integridade. Esse vídeo, que expõe uma violência banalizada, é um soco na cara de quem defende animais, de quem se importa com o sofrimento alheio, independente da espécie.

Ney Santos, ex-prefeito de Embu das Artes (irmão da Deputada Federal Ely Santos), e os presentes nesse episódio horrível: o que a galinha fez para merecer isso? Que tipo de celebração é essa, regada a medo e sofrimento de uma vida?!

O tempo de abuso acabou! Atitudes covardes são inaceitáveis. Embu das Artes merece representantes que sejam exemplos de compaixão e respeito, não da crueldade!”

A publicação foi amplamente compartilhada, somando milhares de reações e comentários exigindo investigação imediata e responsabilização criminal.

Autoridades presentes e silêncio oficial

O evento contou com a presença de diversas figuras públicas: o atual prefeito de Embu das Artes, Hugo Prado; a deputada federal Ely Santos (irmã de Ney Santos); o prefeito de Taboão da Serra, Engenheiro Daniel; e o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, além de secretários e vereadores da região.

Procurados pela redação do Embu News, Ney Santos e a Secretária de Defesa Animal de Embu das Artes, Dra. Maria Emilia Calderoni, não responderam aos questionamentos sobre o caso até o fechamento desta matéria.

Na foto: Ney Santos, Secretária de Defesa Animal Maria Emilia Calderoni e Prefeito de Embu das Artes Hugo Prado / foto reprodução

O silêncio contrasta com a comoção pública e a pressão crescente por posicionamento e medidas legais.

“Isso está longe de ser humanizado”

Em entrevista exclusiva ao Embu News, a ativista Sabrina Palumbo classificou o ato como um exemplo explícito de maus-tratos:

“Péssimo, maus-tratos. Não tem que usar nenhum animal para entretenimento. Animal não tem que ser entretenimento, e isso vai além — é maus-tratos, causa sofrimento. Ainda mais vindo de um político, que precisa ser exemplo. Isso gera estado de estresse e tortura em um animal, para entreter. Quando se fala em qualquer tipo de abate (que é o caso desse animal), existe o abate humanizado. Isso está longe disso.”

O que diz a lei

De acordo com o artigo 32 da Lei nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais):

“Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos” é crime, com pena de detenção de dois a cinco anos, multa e proibição de guarda.

A Lei nº 14.064/2020 reforçou a gravidade desse tipo de crime, ampliando a punição em casos que envolvam cães e gatos — mas o princípio do respeito e da proibição de maus-tratos se estende a todas as espécies animais.

O Ministério Público de São Paulo pode instaurar inquérito de ofício diante da divulgação das imagens, uma vez que o crime de maus-tratos é de ação pública incondicionada.

Reflexão final — Entre o poder e a empatia

O caso levanta uma pergunta incômoda: até que ponto o poder pode normalizar o inaceitável? Enquanto políticos riem, a sociedade assiste, atônita, a uma cena que revela mais do que um ato isolado — mostra a distância entre discurso e exemplo, entre o que se prega e o que se pratica.

“O respeito à vida não é bandeira, é valor. E quem ocupa cargos públicos precisa entender que o exemplo começa no comportamento mais simples — até na forma como se trata um animal indefeso.”

Como denunciar maus-tratos a animais

Se você testemunhar ou souber de casos de crueldade animal, denuncie:

  • Delegacia Eletrônica de Proteção Animal (DEPA): www.depa.sp.gov.br
  • Polícia Militar Ambiental: 190
  • Disque Denúncia: 181
  • Ministério Público de São Paulo: www.mpsp.mp.br

A denúncia pode ser feita de forma anônima. O importante é não se calar.