Nos canais oficiais de Embu das Artes, ela atende por “Vanda”. Nos autos da Justiça de Taboão da Serra, o nome é outro: Erivanda Batista de Holanda Fernandes, condenada por ato de improbidade com execução que supera R$ 3 milhões.


Segundo a sentença, Erivanda se valeu do acesso privilegiado ao sistema de folha de pagamentos para lançar créditos indevidos em benefício próprio por 83 meses (2011–2021), produzindo prejuízo milionário ao erário de Taboão da Serra. A decisão determinou o ressarcimento integral (R$ 1,625 milhão, valor-base atualizado à época) e foi mantida em 2ª instância; o acórdão transitou em julgado em 10/12/2024.
Em 2025, a Procuradoria de Taboão iniciou o cumprimento de sentença, apontando montante atualizado de R$ 2,78 milhões (principal) e, com honorários, R$ 3,01 milhões para pagamento voluntário em 15 dias.
Nome abreviado, passado alongado
Enquanto responde à execução milionária, “Vanda” desponta em estruturas sensíveis do poder local. Em 2023, foi nomeada para o conselho administrativo do EMBUPREV — o instituto previdenciário do município. O detalhe incômodo: nos materiais públicos, adota-se a forma abreviada do nome, o que torna menos imediata a conexão com o histórico judicial confirmado pela Justiça.



Bastidores: fissuras na base aliada
O Embu News teve acesso a uma discussão reservada que expõe a fratura na base governista. Uma fonte com trânsito entre lideranças — cuja identidade preservamos — descreveu a escalada de tensões.
“A Vanda não dura muito não. Arrumou confusão com a Vanessa (vereadora aliada de Ney Santos). A Vanessa acabou com ela, disse que já derrubou secretário, já tirou empresa, e a Wanda é a próxima.”
De acordo com a mesma fonte, o prefeito Hugo interveio, elevando a temperatura: “se a Vanessa mexer com a Vanda, ele vai considerar ela da oposição.” No rastro da crise, a secretária de Planejamento, Maria Serrano, foi — digamos — “gentilmente convidada” a se retirar para dedicar-se à campanha de Ely Santos. Nada de exoneração formal, claro; apenas a porta lateral e a recomendação de “foco total” eleitoral.

Rede de poder e confiança
O círculo de influência não para nos limites de Embu. Vanda/Erivanda é casada com Valdir Fernandes (“Tafarel”), liderança histórica sindical e atual presidente do COTIAPREV, em Cotia. O casal ocupa posições de decisão em dois institutos previdenciários municipais — um desenho que conecta política, sindicalismo e gestão de fundos públicos.

Linha do Tempo — Da fraude milionária à crise política
2010–2011
Erivanda assume função na Gestão de Pessoas de Taboão e passa a operar o sistema SIAP.
2011–2021
Identificados 83 meses de lançamentos complementares em favor da servidora.
Set/2021
Sindicância confirma o dano e a exoneração da servidora.
Fev/2023
Sentença: ato de improbidade; ressarcimento fixado em R$ 1,625 mi.
Out/2024
2ª instância mantém a condenação.
Dez/2024
Trânsito em julgado certificado.
2023
Nomeação para o conselho do EMBUPREV (Portaria 153/2023).
Mai/2025
Início do cumprimento da sentença: total atualizado de R$ 3.010.874,67.
O que está em jogo
Enquanto Taboão da Serra tenta recuperar, na Justiça, um rombo milionário, Embu das Artes sustenta em cargo estratégico quem foi apontada como responsável pelo dano. A equação mistura risco institucional e fogo amigo — dois combustíveis ideais para crises de governo.
Participe Até que ponto é aceitável manter condenados por improbidade em funções que administram recursos públicos? Deixe sua opinião nos comentários. Nota da reportagem: a fonte citada nesta matéria foi ouvida sob condição de anonimato para resguardar sua segurança e evitar retaliações políticas.
Documentos
Documento público em que consta “Vanda Batista de Holanda”.Sentença e acórdão confirmam a condenação e o trânsito em julgado.Portaria nº 153/2023 — nomeação para o conselho do EMBUPREV.Arte: tensão entre aliados e disputa por cargos estratégicos.
Documentos (PDF)
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